Versos Intimos
Augusto dos Anjos
Vês ! Ninguém assitiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável !
Acostuma-te à lama que te espera !
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro
A mão que afaga é a mesma que apedreja
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga
Escarra nessa boca que te beija
domingo, 16 de setembro de 2007
P'ro velho!
Quando eu era criança, nas refeições lá em casa, invariavelmente "brincávamos" de recitar poesias. Meu pai era o mais "fera" e minha irmã não ficava atrás. Essa poesia de Augusto dos Anjos me marcou muito e era uma das prediletas de meu pai. Sabe lá naquela idade, que é mais ou menos a que me encontro agora, quantas decepções ele já tinha sofrido!
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2 comentários:
Lolô: linda homenagem ao nosso Duque. Eu amava muito seu pai. Queria muito que ele fosse meu pai e, de certa forma, ele foi mesmo. Na verdade vocês - depois que perdi minhas tias, não posso esquecê-las, recebi muito amor ao longo da minha vida por parte delas - Teteta, você, ele e Tia Aldaísa foram minha família de verdade. Tô adorando seu blog!!! igual a você: denso, belo, inesperado...
Ô Helo
Meu pai que, pela idade poderia ser pai do seu, era mais chegado à um Guerra Junqueiro: "Sou Tãntalo, para o alto estendo as mãos"...
Mas essa nostalgia, essa espera que trás tanto cansaço para a alma, essa nós herdamos deles, com certeza.
Beijo da amiga sintonisada, Wilma
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