sábado, 22 de setembro de 2007

DIAL À DERIVA - heloisa ausier

Tem dias que a gente acorda com o dial à deriva. Não consegue sintonizar com ninguém. Não estou falando daquele porteiro do prédio ao lado que toca música brega nas manhãs de domingo. Estou falando de não sintonizar com pessoas que a vida inteira estiveram por perto. Estou falando de não sintonizar com o marido ou mulher, com os filhos, ou amigos queridos. Quando estou assim só sintonizo com os bichos. Eles não falam, não emitem opiniões, não nos lembram de nossos defeitos e não interferem no nosso passeio, talvez por isso nunca perca a sintonia com eles.
Hoje acordei com aquela musica do Caetano na cabeça que começa assim... "Rapte-me camaleoa / Adapte-me a uma cama boa..." Na verdade não me importo com um quasar pulsando loa, contanto que seus peitos direitos me olhem assim. Isso foi uma tentativa desesperada de sintonizar, mas meu dial está mesmo à deriva.

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi irmãzinha! acho que você podia ir mais fundo nessa temática. Porque é muito sério e muito recorrente (ou será que somos só nós duas?) esses dias em que todo o universo parece estar em uma outra rotação diferente da nossa. E aí, concordo: só mesmo com seu animal ao lado, seres humanos mais puros e elevados do que nós é que pordemos partilhar esses dias quixotescos, onde somos nós contra o mundo. Beijos, saudades.