quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Uma poesia qualquer a qualquer tempo - heloisa ausier

Não ousaria chamá-las poesias, mas num movimento de me jogar na vida ou pra vida, postá-las seria no mínimo coerente. Se a palavra de ordem é quebrar barreiras ou padrões, abrir o verbo ou os versos no blog, pode ser um caminho melhor do que deixá-los jogados num buraco negro qualquer do meu computador. Então lá vai a primeira, não cronologicamente, mas a que escolhi.

Falta - heloisa ausier

Falta amigo, faltam sonhos.
Idéia que era morreu.
Enterrem as sobras num canto do mundo
Cemitério frio de almas vencidas
De corpos doídos, de rostos chorosos.

Falta um canto um conto de fadas
Um final feliz
A vida é severa com os fracos
Enterrem os fracos num canto da noite
Amanhecer só conseguem os fortes
As almas vividas, os corpos bonitos.
Os rostos alegres

Falta uma chance, um encontro, um encanto.
Faltam solidários às solidões
Amigos às despedidas
Enterrem as sobras da vida
Num canto de mim.
Eu me venço, me machuco,
Correm-me lágrimas de dor.
Na falta de um amor
Enterrem os pedaços de mim.

4 comentários:

Ana Lidia Pimentel disse...

Helô,
Você tem o dom e eu já disse isto antes.
Esta sua última poesia "Falta" é lindíssima e revela uma maturidade literária rara. Parabéns.
Ana Lidia.

Virgínia disse...

Helô, seu site está ótimo, clarinho, light, alto astral...muito bom! A poesia é bonita, porém dura...como a vida, talvez? Gostei de ver os contos publicados todos ali. Sou fã incondicional do chapéu, que acho um primor. Ms é impressão minha ou você também deu uma pausa nas publicações? não pode, 'seu público sente falta! E aqui repito: você não só é fotogência, mas suas fotos parecem ter vida em frente aos olhos da gente. Muito interessante!
E please, estamos aguardando novos textos e fotos!Não nos deixe com água na boca!

Anônimo disse...

Zigominha, concordo com a Ana Lídia. Esse poema é um dos mais belos que já li. E olha que me refiro a ler Cecília Meireles, Manuel Bandeira e Fernando Pessoa.

Envie esse poema para o Andre e a Virgínia tem razão: poesia primorosa, dura como a vida, e você linda, inteira, a foto exprime essa alma iluminada que eu amo de paixao.

Beijos,

Sua Carmensita

Marcos Freitas disse...

Vc tem um sensibilidade incrível, estou aqui a convite da queridissíma Carmen Bentes, adorei seu blog, pode ter certeza que voltarei mais vezes.